Qual será o melhor método para se ensinar a
virtude da gratidão aos filhos? Haverá uma fórmula especial que dê resultado
garantido?
Por vezes, o mais acertado provém de uma
tomada de atitude, que determina um período de reflexão.
É como aconteceu com aquele garoto aos seus 08
anos.
Ele e o pai costumavam passear juntos aos
sábados. Nada espetacular. Simplesmente uma ida ao parque, ou à marina para
olhar os barcos.
Por vezes, uma visita em lojas de
bugigangas, só para comprar aparelhos eletrônicos baratos, para desmontá-los ao
chegar a casa e verificar seu sistema de funcionamento.
Algumas vezes havia uma parada na
sorveteria. Gabriel nunca sabia se o pai iria ou não parar na sorveteria. Por
isso, esperava ansioso, na volta para casa, que o pai enveredasse por aquela rua
decisiva. A rua que significava animação e água na boca.
O pai do menino, por vezes, tomava um
caminho mais longo. Dizia que era para mudar um pouco o caminho. Em verdade,
parecia um jogo, onde ele ficava testando o autocontrole do filho.
Quando chegava na rua almejada pelo menino,
ele oferecia:
Quer tomar um sorvete de casquinha? O garoto
pedia sorvete de chocolate, e o pai, de creme. Andavam devagar até o carro e
ficavam saboreando o sorvete. Para o garoto, aquilo era o paraíso, era o que
sonhava quando saia com o pai.
Certo dia, em que rumando para casa, passavam
pela rua, o pai perguntou: e aí, quer um sorvete de casquinha hoje?
Boa pedida! disse Gabriel.
Também acho, concordou o pai. Não quer pagar
hoje?
O sorvete custava então vinte centavos. A
cabeça de Gabriel começou a girar. Ele podia pagar. Ganhava uma mesada semanal
de vinte e cinco centavos, mais uns trocados por serviços eventuais.
Mas ele queria economizar. Economizar era
importante. E, por se tratar do seu dinheiro, Gabriel achou que sorvete não era
um bom investimento.
E aí ele disse as palavras mais feias que
podia ter dito naquele momento: bom, nesse caso, acho que vou desistir.
A resposta do pai foi lacônica. Concordou e
começou a andar em direção ao carro estacionado. Assim que fizeram a curva a
caminho de casa, o menino percebeu o quanto estava errado.
Como ele pudera ser tão mesquinho? Seu pai
já perdera a conta de quantos sorvetes lhe pagara e ele nunca comprara nenhum
para ele. Como ele pudera perder aquela oportunidade rara de dar alguma coisa
àquele pai tão generoso?
Pediu ao pai que voltasse. Em vão. Gabriel
ficou se sentindo péssimo por seu egoísmo, sua ingratidão. Foram para casa.
Aquela semana foi terrível, longa,
angustiante. O pai não agiu como se estivesse desapontado ou desiludido.
Contudo, o menino pensava e pensava.
No final de semana seguinte, quando fizeram
o novo passeio, ele fez questão de conduzir o pai até a sorveteria e lhe
oferecer, sorrindo: pai quer um sorvete de casquinha hoje? Eu pago!
Naqueles dias, Gabriel aprendeu que a
generosidade tem mão dupla, que a gratidão algumas vezes custa um pouco mais do
que um simples “obrigado”. No seu caso específico, lhe custaram vinte centavos.
E lhe valeu uma lição para a vida.
Pensamento:
No processo da educação, quase sempre um
gesto tem efeito mais poderoso do que muitas palavras.
A sabedoria está, para o educador, em saber
usar as palavras certas, nos momentos adequados e a utilizar a eloqüência do
silêncio, nas horas precisas.
Adaptado por Carlos e
Socorro Nepomuceno
Boa Leitura
E você poderá ir muito mais longe
para fazer milhares de novos e conscientes leitores.
Idealizadores do Projeto: Profª Socorro Nepomuceno e Adm. Carlos Augusto
Nepomuceno. Contatos:
85-9.8816.9580 e 9.8592.8947 – cirandadaleitura@gmail.com
– cirandaliterariabysocorronepomuceno.blogspot.com
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