segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O Custo da Gratidão

Qual será o melhor método para se ensinar a virtude da gratidão aos filhos? Haverá uma fórmula especial que dê resultado garantido?
Por vezes, o mais acertado provém de uma tomada de atitude, que determina um período de reflexão.
É como aconteceu com aquele garoto aos seus 08 anos.
Ele e o pai costumavam passear juntos aos sábados. Nada espetacular. Simplesmente uma ida ao parque, ou à marina para olhar os barcos.
Por vezes, uma visita em lojas de bugigangas, só para comprar aparelhos eletrônicos baratos, para desmontá-los ao chegar a casa e verificar seu sistema de funcionamento.
Algumas vezes havia uma parada na sorveteria. Gabriel nunca sabia se o pai iria ou não parar na sorveteria. Por isso, esperava ansioso, na volta para casa, que o pai enveredasse por aquela rua decisiva. A rua que significava animação e água na boca.


O pai do menino, por vezes, tomava um caminho mais longo. Dizia que era para mudar um pouco o caminho. Em verdade, parecia um jogo, onde ele ficava testando o autocontrole do filho.
Quando chegava na rua almejada pelo menino, ele oferecia:
Quer tomar um sorvete de casquinha? O garoto pedia sorvete de chocolate, e o pai, de creme. Andavam devagar até o carro e ficavam saboreando o sorvete. Para o garoto, aquilo era o paraíso, era o que sonhava quando saia com o pai.


Certo dia, em que rumando para casa, passavam pela rua, o pai perguntou: e aí, quer um sorvete de casquinha hoje?
Boa pedida! disse Gabriel.
Também acho, concordou o pai. Não quer pagar hoje?
O sorvete custava então vinte centavos. A cabeça de Gabriel começou a girar. Ele podia pagar. Ganhava uma mesada semanal de vinte e cinco centavos, mais uns trocados por serviços eventuais.
Mas ele queria economizar. Economizar era importante. E, por se tratar do seu dinheiro, Gabriel achou que sorvete não era um bom investimento.
E aí ele disse as palavras mais feias que podia ter dito naquele momento: bom, nesse caso, acho que vou desistir.
A resposta do pai foi lacônica. Concordou e começou a andar em direção ao carro estacionado. Assim que fizeram a curva a caminho de casa, o menino percebeu o quanto estava errado.
Como ele pudera ser tão mesquinho? Seu pai já perdera a conta de quantos sorvetes lhe pagara e ele nunca comprara nenhum para ele. Como ele pudera perder aquela oportunidade rara de dar alguma coisa àquele pai tão generoso?
Pediu ao pai que voltasse. Em vão. Gabriel ficou se sentindo péssimo por seu egoísmo, sua ingratidão. Foram para casa.
Aquela semana foi terrível, longa, angustiante. O pai não agiu como se estivesse desapontado ou desiludido. Contudo, o menino pensava e pensava.
No final de semana seguinte, quando fizeram o novo passeio, ele fez questão de conduzir o pai até a sorveteria e lhe oferecer, sorrindo: pai quer um sorvete de casquinha hoje? Eu pago!
Naqueles dias, Gabriel aprendeu que a generosidade tem mão dupla, que a gratidão algumas vezes custa um pouco mais do que um simples “obrigado”. No seu caso específico, lhe custaram vinte centavos. E lhe valeu uma lição para a vida.


Pensamento:
No processo da educação, quase sempre um gesto tem efeito mais poderoso do que muitas palavras.
A sabedoria está, para o educador, em saber usar as palavras certas, nos momentos adequados e a utilizar a eloqüência do silêncio, nas horas precisas.

Adaptado por Carlos e Socorro Nepomuceno

Boa Leitura
E você poderá ir muito mais longe para fazer milhares de novos e conscientes leitores.
Idealizadores do Projeto: Profª Socorro Nepomuceno e Adm. Carlos Augusto Nepomuceno.                                                                                                           Contatos: 85-9.8816.9580 e 9.8592.8947 – cirandadaleitura@gmail.com – cirandaliterariabysocorronepomuceno.blogspot.com




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