segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

SENTA AO MEU LADO

Hoje eu não quero conversas vestidas de uniforme. Diálogos impecavelmente arrumados que não deixam o coração à mostra. As palavras podem sair de casa sem maquiagem. Podem surgir com os cabelos desalinhados, livres de roupas que as apertem, como se tivessem acabado de acordar. Dispensa-se tons acadêmicos, defesas de tese, regras para impressionar o interlocutor. O único requinte deve ser o sentimento. É desnecessário tentar entender qualquer coisa. Tentar solucionar qualquer problema. Buscar salvamento para o quer que seja.
Hoje eu não quero falar sobre o quanto o mundo está doente. Sobre como está difícil a gente viver. Sobre as milhares de coisas que causam câncer. Sobre as previsões de catástrofes que vão dizimar a humanidade. Sobre o quanto o ser humano pode ser também perverso, corrupto, tirano e outras feiúras. Sobre os detalhes das ações violentas noticiadas nos jornais. Não quero o blábláblá encharcado de negatividade que grande parte das vezes não faz outra coisa além de nos encher de mais medo. Não quero falar sobre a hipocrisia que prevalece, sob vários disfarces, em tantos lugares. Hoje, não. Hoje, não dá. Não me interessam o disse-que-disse, os julgamentos, a investigação psicológica da vida alheia, os achismos sobre as motivações que fazem as pessoas agirem assim ou assado, o dedo na ferida.
Hoje eu não quero aquelas conversas contraídas pelo receio de não se ter assunto. A aflição de não se saber o que fazer se ele, de repente, acabar. O esforço de se falar qualquer coisa para que a nossa quietude não seja interpretada como indiferença. Hoje eu não quero aquelas conversas que muitas vezes acontecem somente para preenchermos o tempo. Para tentarmos calar a boca do silêncio. Para fugirmos da ameaça de entrar em contato com um monte de coisas que o nosso coração tem pra dizer. Além do necessário, hoje não quero falar só por falar nem ouvir só por ouvir. Que a fala e a escuta possa ser um encontro. Um passeio que se faz junto. Um tempo em que uma vida se mostra para a outra, com total relaxamento, sem se preocupar se aquilo que é mostrado agrada ou não. Se aumenta ou diminui os índices de audiência.
Hoje, se quiser, se puder, se souber, me fala de você. Da essência vestida com essa roupa de gente com a qual você se apresenta. Fala dos seus amores, tanto faz se estão perto do seu corpo ou somente do seu coração. Fala sobre as coisas que costuma fazer você sintonizar a freqüência do seu riso mais gostoso. Fala sobre os sonhos que mantêm o frescor, por mais antigos que sejam. Fala a partir daquilo em você que não desaprendeu o caminho das delícias. Do pedaço de doçura que não foi maculado. Da porção amorosa que saiu ilesa à própria indelicadeza e à alheia. A partir daquilo em você que continuou a acreditar na ternura, a se encantar e a se desprevenir, apesar de tantos apesares. Conta sobre as receitas que lhe dão água na boca. Sobre o que gosta de fazer para se divertir. Conta se você reza antes de adormecer.
Hoje, me fala de você. Dos momentos em que a vida lhe doeu tanto que você achou que não iria agüentar. Fala das músicas que compõem a sua trilha sonora. Dos poemas que você poderia ter escrito, de tanto que traduzem a sua alma. Senta perto de mim e mesmo que estejamos rodeados por buzinas, gente apressada, perigos iminentes, faz de conta que a gente está conversando no quintal de casa, descascando uma laranja, os pés descalços, sem nenhum compromisso chato à nossa espera. A gente já brincou tanto de faz-de-conta quando era criança, onde foi que a gente esqueceu como se chega a esse lugar de inocência? Fala da lua que você admirou outra noite dessas, no céu. Da borboleta que lhe chamou à atenção por tanta beleza, abraçada a alguma flor, como se existisse apenas aquele abraço. Diz se quando você acorda ainda ouve passarinhos, mesmo que não possa identificar de onde vem o canto. Diz se a sua mãe cantava para fazer você dormir.
Senta perto e me conta o que você sentiu quando viu o mar pela primeira vez e o que sente quando olha pra ele, tantas vezes depois. Se tinha jardim na casa da sua infância, me diz que flores riam por lá. Conta há quanto tempo não vê uma joaninha. Se tinha algum apelido na escola. Se consegue se imaginar bem velhinho. Fala da sua família, a de origem ou a que formou. Das pessoas que não têm o seu sobrenome, mas são familiares pra sua alma. Fala de quem passou pela sua vida e nem sabe o quanto foi importante. Daqueles que sabem e você nem consegue dizer o tamanho que têm de verdade. Fala daquele animal de estimação que deitava junto aos seus pés, solidário, quando você estava triste. Diz o que vai ser bacana encontrar quando, bem lá na frente, olhar para o caminho que fez no mundo, em retrospectiva.
Podemos falar abobrinhas, desde que sejam temperadas com riso, esse tempero que faz tanto bem. A gente pode rir dos tombos que você levou na rua e daqueles que levou na vida, dos quais a gente somente consegue rir muito depois, quando consegue. A gente pode rir das suas maluquices românticas. Das maiores encrencas que já arrumou. Das ciladas que armaram para você e, antes de entender que eram ciladas, chegou até a agradecer por elas. De quando descobriu como são feitos os bebês. A gente pode rir dos cárceres onde se prendeu e levou um tempo imenso pra descobrir que as chaves estavam com você o tempo todo. Das vezes em que se sentiu completamente nu diante de um Maracanã, tamanha vergonha, como se todos os olhos do mundo estivessem voltados na sua direção. Das mentiras que contou e acreditaram com facilidade. Das verdades que disse e ninguém levou a sério.
Não precisa ter pauta, seguir roteiro, deixa a conversa acontecer de improviso, uma lembrança puxando a outra pela mão, mas conta de você e deixa eu lhe contar de mim. Dessas coisas. De outras parecidas. Ouve também com os olhos. Escuta o que eu digo quando nem digo nada: a boca é o que menos fala no corpo. Não antecipe as minhas palavras. Não se impaciente com o meu tempo de dizer. Não me pergunte coisas que vão fazer a minha razão se arrumar toda para responder. Uma conversa sem vaidade, ninguém quer saber qual história é a mais feliz ou a mais desditosa.
Hoje eu quero conversar com um amigo pra falar também sobre as coisas bacanas da vida. As miudezas dela. A grandeza dela. A roda-gigante que ela é, mesmo quando a gente vive como se estivesse convencido de que ela é trem-fantasma o tempo inteiro. Um amigo pra falar de coisas sensíveis. Do quanto o ser humano pode ser também bondoso, honesto, afetuoso, divertido e outras belezas. Dos lugares onde nossos olhos já pousaram e daqueles onde pousam agora. Um amigo para conversar horas adentro, com leveza, de coisas muito simples, como a gente já fez mais amiúde e parece ter desaprendido como faz. Um amigo para se conversar com o coração.
E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente “nem precisa mesmo de palavras.”

Ana Cláudia Jácomo

Gostou do texto? Deixe seu comentário abaixo! Sua opinião é muito importante para nós e possibilita a edição de assuntos voltados cada vez mais para os seus interesses.
Boa Leitura
E você poderá ir muito mais longe para fazer milhares de novos e conscientes leitores.
Idealizadores do Projeto: Profª Socorro Nepomuceno e Adm. Carlos Augusto Nepomuceno. 
Contatos: 85-9.8816.9580 e 9.8592.8947 – cirandadaleitura@gmail.com – cirandaliterariabysocorronepomuceno.blogspot.com

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

A MARCA QUE DEIXAMOS NAS PESSOAS

Quando eu era criança, bem novinho, meu avô comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na parede da sala. Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém.
Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era “Uma informação, pôr favor,” e não havia nada que ela não soubesse. “Uma informação, pôr favor”, poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.
Minha primeira experiência pessoal com esse gênio-na-garrafa veio num dia em que minha mãe estava fora, na casa de uma vizinha. Eu estava no quarto de guardar objetos e materiais do meu avô e quando estava mexendo na caixa de ferramentas, bati em meu dedo com um martelo. A dor era terrível, mas não havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia. Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido até que pensei: O telefone.

Rapidamente fui até o quarto, peguei uma pequena escada que coloquei em frente à parede da sala onde se encontrava o telefone. Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido. Alguém atendeu e eu disse: “Uma informação, pôr favor”. Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido. “Informações”.
-Eu machuquei meu dedo…, disse, e as lágrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência.
“A sua mãe não esta em casa?”, ela perguntou.
“Não tem ninguém aqui…”, eu soluçava.
“Está sangrando?”
“Não”, respondi.
“Eu machuquei o dedo com o martelo, mas ta doendo…”
“Você consegue abrir o congelador?”, ela perguntou. Eu respondi que sim.
“Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo”, disse a voz.
Depois daquele dia, eu ligava para “Uma informação, pôr favor,” por qualquer motivo. Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava Fernando de Noronha. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno gato que eu trouxe da serra como eu deveria alimentá-lo.
Então, um dia Peti meu canário morreu. Eu liguei para “Uma informação, pôr favor” e contei o ocorrido. Ela escutou e começou a falar àquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável.
Eu perguntava: “Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?”
Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente:
“Paulo, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também…”
De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor. No outro dia, lá estava eu de novo.
“Informações”: disse a voz já tão familiar.
“Você sabe como se escreve ‘exceção’?” Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao sul do Atlântico. Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para São Paulo. Eu sentia muita falta da minha amiga.  “Uma informação, pôr favor” pertencia aquele velho aparelho telefônico preto e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava em uma mesinha na nova sala.
Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Freqüentemente, em momentos de duvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo. Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um molequinho.
Alguns anos depois, quando estava indo a trabalho em Foz do Iguaçu, meu avião teve uma escala em Maringá. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos. Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos. Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora daquela minha cidade natal e pedi: “Uma informação, pôr favor”. Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo:”Informações”.
Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando: “Você sabe como se escreve ‘exceção’?”
Houve uma longa pausa. Então, veio uma resposta suave:
“Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paulo”.
Eu ri. “Então, é você mesma!”, eu disse. “Você não imagina como era importante para mim naquele tempo”.
“Eu imagino”, ela disse. “E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse”.
Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visitá-la quando fosse encontrar a minha irmã. “É claro!”, ela respondeu. “Venha até aqui e chame a Stela”.
Três meses depois eu fui a Maringá visitar minha irmã. Quando liguei, uma voz diferente respondeu: ”Informações”.
Eu pedi para chamar a Stela.”Você é amigo dela?”, a voz perguntou.
“Sou, um velho amigo. O meu nome é Paulo”.
“Eu sinto muito, mas a Stela estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente. Infelizmente, ela morreu há três semanas”.
Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou: “Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paulo?
“Sim!”
“A Stela deixou uma mensagem para você. Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse. Eu vou ler para você”.
A mensagem dizia:
“Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender”.
Eu agradeci e desliguei. Eu entendi…

Gostou do texto? Deixe seu comentário abaixo! Sua opinião é muito importante para nós e possibilita a edição de assuntos voltados cada vez mais para os seus interesses.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR

 

Eu retornava pra casa, em um dia muito frio quando tropecei em uma carteira. Procurei por algum meio de identificar o dono. Mas a carteira só continha três dólares e uma carta amassada, que parecia ter ficado ali por muitos anos.
No envelope, muito sujo, a única coisa legível era o endereço do remetente. Comecei a ler a carta tentando achar alguma dica. Então eu vi o cabeçalho. A carta tinha sido escrita quase sessenta anos atrás.Tinha sido escrita com uma bonita letra feminina em azul claro sobre um papel de carta com uma flor ao canto esquerdo. A carta dizia que sua mãe a havia proibido de se encontrar com Michael mas ela escrevia a carta para dizer que sempre o amaria. Assinado Hannah. 
Era uma carta bonita, mas não havia nenhum modo, com exceção do nome Michael, de identificar o dono. Entrei em contato com a cia. telefônica, expliquei o problema ao operador e lhe pedi o número do telefone no endereço que havia no envelope.
O operador disse que havia um telefone mas não poderia me dar o número. Por sua própria sugestão, entrou em contato com o número, explicou a situação e fez uma conexão daquele telefone comigo. Eu perguntei à senhora do outro lado, se ela conhecia alguém chamada Hannah. Ela ofegou e respondeu:
- "Oh! Nós compramos esta casa de uma família que tinha uma filha chamada Hannah. Mas isto foi há 30 anos!"
> - "E você saberia onde aquela família pode ser localizada agora?" Eu perguntei.
- "Do que me lembro, aquela Hannah teve que colocar sua mãe em um asilo alguns anos atrás", disse  a mulher. "Talvez se você entrar em contato eles possam informar".
Ela me deu o nome do asilo e eu liguei. Eles me contaram que a velha senhora tinha falecido alguns anos atrás mas eles tinham um número de telefone onde acreditavam que a filha poderia estar vivendo. Eu lhes agradeci e telefonei. A mulher que respondeu explicou que aquela Hannah estava morando agora em um asilo. A coisa toda começa a parecer estúpida, pensei comigo mesmo. Pra que estava fazendo aquele movimento todo só para achar o dono de uma carteira que tinha apenas três dólares e uma carta com quase 60 anos?
Apesar disto, liguei para o asilo no qual era suposto que Hannah estava vivendo e o homem que atendeu me falou, - "Sim, a Hannah está morando conosco." Embora já passasse das 10 da noite, eu perguntei se poderia ir para vê-la.
- "Bem", ele disse hesitante, "se você quiser se arriscar, ela poderá estar na sala assistindo a televisão".
Eu agradeci e corri para o asilo. A enfermeira noturna e um guarda me cumprimentaram à porta. Fomos até o terceiro andar. Na sala, a enfermeira me apresentou a Hannah.  Era uma doçura, cabelo prateado com um sorriso calmo e um brilho no olhar. Lhe falei sobre a carteira e mostrei a carta. Assim que viu o papel de carta com aquela pequena flor à esquerda, ela respirou fundo e disse:
- "Esta carta foi o último contato que tive com Michael".
Ela pausou um momento em pensamento e então disse suavemente:
- "Eu o amei muito. Mas na ocasião eu tinha só 16 anos e minha mãe achava que eu era muito jovem. Oh, ele era tão bonito. Ele se parecia com Sean Connery, o ator".
- "Sim," ela continuou. "Michael Goldstein era uma pessoa maravilhosa. Se você o achar, lhe fale que eu penso freqüentemente nele. E...", ela hesitou por um momento, e quase mordendo o lábio, "... lhe  fale que eu ainda o amo. Você sabe."
Ela disse sorrindo com lágrimas que começaram a rolar em seus olhos:
- "E eu nunca me casei. Eu jamais encontrei alguém que correspondesse ao Michael..."
Eu agradeci a Hannah e disse adeus. Quando passava pela porta da saída, o guarda perguntou:
- "A velha senhora pode lhe ajudar?"
- "Pelo menos agora eu tenho um sobrenome. Mas eu acho que vou deixar isto para depois. Eu passei quase o dia inteiro tentando achar o dono desta carteira".
Quando o guarda viu a carteira, ele disse:
- "Ei, espere um minuto! Isto é a carteira do Sr. Goldstein. Eu a reconheceria em qualquer lugar. Ele está sempre perdendo a carteira. Eu devo tê-la achado pelos corredores ao menos três vezes".
- "Quem é Sr. Goldstein?". Eu perguntei com minha mão começando a tremer.
- "Ele é um dos idosos do 8º andar. Isso é a carteira de Mike Goldstein sem dúvida. Ele deve ter perdido em um de seus passeios".
Agradeci o guarda e corri ao escritório da enfermeira. Falei-lhe sobre o que o guarda tinha dito. Nós voltamos para o elevador e subimos. No oitavo andar, a enfermeira disse:
- "Acho que ele ainda está acordado. Ele gosta de ler à noite. Ele é um homem bem velho."
Fomos até o único quarto que ainda tinha luz e havia um homem lendo um livro. A enfermeira foi até ele e perguntou se ele tinha perdido a carteira. Sr. Goldstein olhou com surpresa, pondo a mão no bolso de trás e disse:
- "Oh, está perdida!"
- "Este amável cavalheiro achou uma carteira e nós queremos saber se é sua?"
Entreguei a carteira ao Sr. Goldstein, ele sorriu com alívio e disse:
- "Sim, é minha! Devo ter derrubado hoje a tarde. Eu quero lhe dar uma recompensa".
- "Não, obrigado", eu disse. "Mas eu tenho que lhe contar algo. Eu li a carta na esperança de descobrir o dono da carteira".
O sorriso em seu rosto desapareceu de repente.

- "Você leu a carta?"
-"Não só li, como eu acho que sei onde a Hannah está". Ele ficou pálido de repente.
- "Hannah? Você sabe onde ela está? Como ela está? É ainda tão bonita quanto era? Por favor, por favor, me fale", ele implorou.
- "Ela está bem... E bonita da mesma maneira como quando você a conheceu". Eu disse suavemente. 
O homem sorriu e perguntou:
- "Você pode me falar onde ela está? Quero chamá-la amanhã ". Ele agarrou minha mão e disse:
- "Eu estava tão apaixonado por aquela menina que quando aquela carta chegou, minha vida literalmente terminou. Eu nunca me casei. Eu sempre a amei."
- "Sr. Goldstein", eu disse, "Venha comigo".
Fomos de elevador até o terceiro andar. Atravessamos o corredor até a sala onde Hannah estava assistindo televisão. A enfermeira caminhou até ela: -"Hannah, " ela disse suavemente, enquanto apontava para Michael que estava esperando comigo na entrada. "Você conhece este homem?"
Ela ajeitou os óculos, olhou um momento, mas não disse uma palavra. Michael disse suavemente, quase em um sussurro:
- "Hannah, é o Michael. Lembra-se de mim?"
- "Michael! Eu não acredito nisto! Michael! É você! Meu Michael!"
Ele caminhou lentamente até ela e se abraçaram. A enfermeira e eu partimos com lágrimas rolando em nossas faces.
- "Veja", eu disse. "Veja como o bom Deus trabalha!  Se tem que ser, será!".
Aproximadamente três semanas depois eu recebi uma chamada do asilo em meu escritório.
-"Você pode vir no domingo para assistir a um casamento? O Michael e Hannah vão se casar"!

Foi um casamento bonito, com todas as pessoas do asilo devidamente vestidos para a celebração. Hannah usou um vestido bege claro e bonito. Michael usou um terno azul escuro. O hospital lhes deu o próprio quarto e se você sempre quis ver uma noiva com 76 anos e um noivo com 79 anos agindo como dois adolescentes, você tinha que ver este par.Um final perfeito para um caso de amor que tinha durado quase 60 anos.

Está é uma linda história de amor que levamos aos nossos leitores, onde esperamos que seja apreciada e divulgada. Mostrando a essência do amor que deve existir entre as pessoas.

Adaptado por Carlos e Socorro Nepomuceno

Boa Leitura
E você poderá ir muito mais longe para fazer milhares de novos e conscientes leitores.
Idealizadores do Projeto: Profª Socorro Nepomuceno e Adm. Carlos Augusto Nepomuceno.                                                                                                            Contatos: 85-9.8816.9580 e 9.8592.8947 – cirandadaleitura@gmail.com – cirandaliterariabysocorronepomuceno.blogspot.com

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O Custo da Gratidão

Qual será o melhor método para se ensinar a virtude da gratidão aos filhos? Haverá uma fórmula especial que dê resultado garantido?
Por vezes, o mais acertado provém de uma tomada de atitude, que determina um período de reflexão.
É como aconteceu com aquele garoto aos seus 08 anos.
Ele e o pai costumavam passear juntos aos sábados. Nada espetacular. Simplesmente uma ida ao parque, ou à marina para olhar os barcos.
Por vezes, uma visita em lojas de bugigangas, só para comprar aparelhos eletrônicos baratos, para desmontá-los ao chegar a casa e verificar seu sistema de funcionamento.
Algumas vezes havia uma parada na sorveteria. Gabriel nunca sabia se o pai iria ou não parar na sorveteria. Por isso, esperava ansioso, na volta para casa, que o pai enveredasse por aquela rua decisiva. A rua que significava animação e água na boca.


O pai do menino, por vezes, tomava um caminho mais longo. Dizia que era para mudar um pouco o caminho. Em verdade, parecia um jogo, onde ele ficava testando o autocontrole do filho.
Quando chegava na rua almejada pelo menino, ele oferecia:
Quer tomar um sorvete de casquinha? O garoto pedia sorvete de chocolate, e o pai, de creme. Andavam devagar até o carro e ficavam saboreando o sorvete. Para o garoto, aquilo era o paraíso, era o que sonhava quando saia com o pai.


Certo dia, em que rumando para casa, passavam pela rua, o pai perguntou: e aí, quer um sorvete de casquinha hoje?
Boa pedida! disse Gabriel.
Também acho, concordou o pai. Não quer pagar hoje?
O sorvete custava então vinte centavos. A cabeça de Gabriel começou a girar. Ele podia pagar. Ganhava uma mesada semanal de vinte e cinco centavos, mais uns trocados por serviços eventuais.
Mas ele queria economizar. Economizar era importante. E, por se tratar do seu dinheiro, Gabriel achou que sorvete não era um bom investimento.
E aí ele disse as palavras mais feias que podia ter dito naquele momento: bom, nesse caso, acho que vou desistir.
A resposta do pai foi lacônica. Concordou e começou a andar em direção ao carro estacionado. Assim que fizeram a curva a caminho de casa, o menino percebeu o quanto estava errado.
Como ele pudera ser tão mesquinho? Seu pai já perdera a conta de quantos sorvetes lhe pagara e ele nunca comprara nenhum para ele. Como ele pudera perder aquela oportunidade rara de dar alguma coisa àquele pai tão generoso?
Pediu ao pai que voltasse. Em vão. Gabriel ficou se sentindo péssimo por seu egoísmo, sua ingratidão. Foram para casa.
Aquela semana foi terrível, longa, angustiante. O pai não agiu como se estivesse desapontado ou desiludido. Contudo, o menino pensava e pensava.
No final de semana seguinte, quando fizeram o novo passeio, ele fez questão de conduzir o pai até a sorveteria e lhe oferecer, sorrindo: pai quer um sorvete de casquinha hoje? Eu pago!
Naqueles dias, Gabriel aprendeu que a generosidade tem mão dupla, que a gratidão algumas vezes custa um pouco mais do que um simples “obrigado”. No seu caso específico, lhe custaram vinte centavos. E lhe valeu uma lição para a vida.


Pensamento:
No processo da educação, quase sempre um gesto tem efeito mais poderoso do que muitas palavras.
A sabedoria está, para o educador, em saber usar as palavras certas, nos momentos adequados e a utilizar a eloqüência do silêncio, nas horas precisas.

Adaptado por Carlos e Socorro Nepomuceno

Boa Leitura
E você poderá ir muito mais longe para fazer milhares de novos e conscientes leitores.
Idealizadores do Projeto: Profª Socorro Nepomuceno e Adm. Carlos Augusto Nepomuceno.                                                                                                           Contatos: 85-9.8816.9580 e 9.8592.8947 – cirandadaleitura@gmail.com – cirandaliterariabysocorronepomuceno.blogspot.com




terça-feira, 2 de janeiro de 2018

MEU NOME É FELICIDADE

Eu faço parte da vida dos que tem e preserva os amigos, porque ter amigos é ser Feliz.
Eu faço parte da vida dos que vivem e gostam de está cercados por pessoas como você, porque viver assim é ser Feliz.
Eu faço parte da vida dos que acreditam que ontem foi passado, amanhã será futuro e hoje é uma dádiva de Deus, por isso é chamado de presente.
Eu faço parte da vida dos que acreditam na força do Amor, que acreditam que para uma história bonita não há ponto final.
Eu sou casada, sabia?
Sou casada com o Tempo. Ah! O meu marido é lindo! Ele é responsável pela resolução de todos os problemas. Ele reconstrói corações, ele cura machucados, ele vence a Tristeza…
Juntos, eu e o Tempo tivemos três filhos: A Amizade, a Sabedoria, e o Amor.


A Amizade é a filha mais velha. Uma menina linda, sincera, alegre. A Amizade brilha como o sol. A Amizade une pessoas, pretende nunca ferir, sempre consolar.
A do meio é chamada Sabedoria, culta, íntegra, sempre foi mais apegada ao Pai, o Tempo. A Sabedoria e o Tempo andam sempre juntos.
O caçula é o Amor. Ah! Como esse me dá trabalho! É teimoso, às vezes só quer morar em um lugar… Eu vivo dizendo: Amor, você foi feito para morar em dois corações, não em apenas um. O Amor é complexo, mas é lindo, muito lindo! Quando ele começa a fazer estragos eu chamo logo o pai dele, o Tempo, e aí o Tempo sai fechando todas as feridas que o Amor abriu!
Uma pessoa muito importante me ensinou uma coisa: Tudo no final sempre dá certo, se ainda não deu, é porque não chegou o final.
Por isso, acredite sempre na minha família. Acredite no Tempo, na Amizade, na Sabedoria e, principalmente no Amor.
Aí, com certeza um dia, eu, a Felicidade baterá à sua porta!
Tenha Tempo para os Sonhos: eles conduzem sua carruagem para as Estrelas rumo a Felicidade.
Carlos e Socorro Nepomuceno
ESTAMOS INICIANDO O 2018, LEVANDO AOS NOSSOS LEITORES COM ESTE CONTO. ONDE COM O DECORRER DOS DIAS APRESENTAREMOS HISTORIAS, FÁBULAS, TEXTOS, PARÁBOLAS, POEMAS. TUDO PARA ENCANTAR DE CRIANÇA A ADULTO.
Boa Leitura

E poderá ir muito mais longe para fazer milhares de novos e conscientes leitores.
Coordenadores do Projeto: 
Profª. Socorro Nepomuceno - 85 9.8816.9580  
Adm. Carlos Augusto Nepomuceno  - 85 9.8592.8947

cirandadaleitura@gmail.com – cirandaliterariabysocorronepomuceno.blogspot.com