terça-feira, 27 de março de 2018

UM SIMPLES CONSELHO

Certa vez um jovem muito rico foi procurar um rabi para lhe pedir um conselho. Toda a fortuna que possuía não era capaz de lhe proporcionar a felicidade tão sonhada. Falou da sua vida ao rabi e pediu ajuda.
Aquele homem sábio o conduziu até uma janela e lhe pediu para que olhasse para fora com atenção, e o jovem obedeceu.
– O que você vê através do vidro, meu rapaz?
– Vejo homens que vêm e vão, e um cego pedindo esmolas na rua.
Então o homem lhe mostrou um grande espelho e novamente o interrogou:
– O que você vê neste espelho?
– Vejo a mim mesmo, disse o jovem prontamente.
– E já não vê os outros, não é verdade?
E o sábio continuou com suas lições preciosas:
– Observe que a janela e o espelho são feitos da mesma matéria prima : o vidro. Mas no espelho há uma camada fina de prata colada ao vidro e, por essa razão, você não vê mais do que a sua própria pessoa. Se você se comparar a essas duas espécies de vidro, poderá retirar uma grande lição. Quando a prata do egoísmo recobre a nossa visão, só temos olhos para nós mesmos e não temos chance de conquistar a felicidade efetiva. Mas quando olhamos através dos vidros limpos da compaixão, encontramos razão para viver e a felicidade se aproxima.
Por fim, o sábio lhe deu um simples conselho:
– Se quiser ser verdadeiramente feliz, arranque o revestimento de prata que lhe cobre os olhos para poder enxergar e amar aos outros. Essa é a chave para a solução dos seus problemas. Se você também não está feliz com as respostas que a vida tem lhe oferecido, talvez fosse interessante tentar de outra forma. Muitas vezes, ficamos olhando somente para a nossa própria imagem e nos esquecemos de que é preciso retirar a camada de prata que nos impede de ver a necessidade à nossa volta. Quando saímos da concha de egoísmo, percebemos que há muitas pessoas em situação bem mais difícil que a nossa e que dariam tudo para estarem nosso lugar. E quando estendemos a mão para socorrer o próximo, uma paz incomparável nos invade a alma. É como se Deus nos envolvesse em bênçãos de agradecimento pelo ato de compaixão para com Seus filhos em dificuldades.
Ademais, quem acende a luz da caridade, é sempre o primeiro a beneficiar-se dela.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Receita da Dona Suzete

Dona Suzete é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo o dia, às 8 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão. E hoje ela se mudou para uma casa de uma filha o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução.
Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a enfermeira que cuidava dela veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao quarto, eu dei uma descrição do seu pequeno quartinho, inclusive das cortinas de tecido florido que enfeitavam a janela. Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma a garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho.
“Ah, eu adoro essas cortinas.”
“Minha Avó Suzete, a senhora ainda não viu seu quarto, espera mais um pouco.”
“Isso não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada. Vai depender de como eu preparo a minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo. Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.”
“Simples assim?”
“Nem tanto; isso é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo ‘treino’ pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em conseqüência, os sentimentos.”
Calmamente ela continuou:
“Cada dia é um presente; e, enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua ‘Conta de Lembranças’. E aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de Lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.”
Depois me pediu para anotar:
1. Jogue fora todos os números não essenciais para sua sobrevivência. Isso inclui idade, peso e altura. Deixe seu médico se preocupar com eles. Para isso ele é pago.
2. Freqüente, de preferência, seus amigos alegres. Os “baixo-astrais” puxam você para baixo.
3. Continue aprendendo. Aprenda mais sobre computador, artesanato, jardinagem, qualquer coisa. Não deixe seu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é a oficina do diabo. E o nome do diabo é Alzheimer.
4. Curta coisa simples.
5. Ria sempre, muito e alto. Ria até perder o fôlego; ria para você mesma no espelho, ao acordar e que o sorriso seja sua última ‘atitude’ antes de dormir.
6. Lágrimas acontecem. Aguente, sofra e siga em frente. A única pessoa que acompanha você a vida toda é você mesmo. Esteja vivo enquanto você viver e seja uma boa companhia para si mesmo.
7. Esteja sempre rodeado daquilo de que você gosta: pode ser família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, o que for. Seu lar é o seu refúgio, sua mente seu paraíso.
8. Aproveite sua saúde. Se for boa, preserve-a. Se está instável, melhore-a da maneira mais simples: caminhe, sorria, beba água, ore, veja comédias, leia piadas ou histórias de aventuras, romances e comédias.
9. Não faça viagens de remorsos. Viaje para o shopping, para cidade vizinha, para um país estrangeiro, pega carona numa cauda de cometa, imagine os mais diversos objetos formados pelas nuvens no céu, mas evite as viagens ao passado, pois você pode ficar retido na estação errada. Escolha as lembranças que quer ter; não se deixe dominar por elas ou perderá o direito à escolha.
10. Diga a quem você ama que você realmente o ama, e diga isso em todas as oportunidades, através do olhar, do toque, das palavras, das ações diárias e do carinho. Seja feliz com seu próprio sentimento e não exija retribuição; você terá, de graça, o que o outro sentir; nada mais, nada menos.
Autor: Carlos Augusto (Dedicada a minha avó, Suzete Alves Nepomuceno)

sexta-feira, 9 de março de 2018

LILI E A SOGRA (LENDA CHINESA)

Há muito tempo, uma menina chamada Lili se casou e foi viver com o marido e a sogra. Depois de algum tempo, passou a não se entender com a sogra.
Personalidades muito diferentes, Lili se irritava com os hábitos dela, criticando-a freqüentemente.
Meses se passaram e Lili e sua sogra, cada vez mais, discutiam e brigavam. De acordo com a antiga tradição chinesa, a nora tinha que se curvar à sogra e obedecê-la em tudo.
Lili, já não suportando mais conviver com a sogra, decidiu tomar uma atitude e foi visitar um amigo de seu pai. Depois de ouvi-la, ele pegou um pacote de ervas e lhe disse:
– Vou lhe dar várias ervas que irão envenenar lentamente sua sogra. Você não poderá usá-las de uma só vez para se livrar dela, porque isso causaria suspeitas. A cada dois dias, ponha um pouco destas ervas na comida dela. Agora, para ter certeza de que ninguém suspeitará de você quando ela morrer, você deve ter muito cuidado e agir de forma muito amigável. Nunca discuta, e a ajudarei a resolver seu problema, mas você tem que me escutar e seguir todas as instruções que eu lhe der.
– Sim, Senhor Huang, eu farei tudo o que o senhor me pedir – respondeu Lili.
Lili ficou muito contente, agradeceu ao Senhor Huang e voltou apressadamente para casa, para dar início ao projeto de assassinar sua sogra. Semanas se passaram e, a cada dois dias, Lili servia a comida “especialmente tratada” à sua sogra. Ela sempre se lembrava do que o Senhor Huang havia recomendado sobre evitar suspeitas e, assim, controlou o seu temperamento, obedecendo à sogra e tratando-a como se fosse sua própria mãe.
Depois de seis meses, a casa inteira estava com outro astral.
Lili tinha controlado o seu temperamento e quase nunca se aborrecia. Durante esse tempo, ela não teve discussões com a sogra, que agora parecia mais amável e mais fácil de lidar. As atitudes da sogra também mudaram, e elas passaram a se tratar como mãe e filha.
Um dia, Lili novamente foi procurar o Senhor Huang para lhe pedir ajuda e disse:
– Querido Senhor Huang, por favor, me ajude a evitar que o veneno mate minha sogra. Ela se transformou numa mulher agradável, e eu a amo como se fosse minha mãe! Não quero que ela morra por causa do veneno que eu lhe dei. Por favor, Senhor Huang, me ajude!
O senhor Huang sorriu e acenou com a cabeça.
– Lili, não precisa se preocupar. As ervas que lhe dei eram vitaminas para melhorar a saúde dela. O veneno estava na sua mente e na sua atitude, mas foi jogado fora e substituído pelo amor que você passou a dar a ela. Na China, existe uma regra dourada que diz:
“A pessoa que ama os outros também será amada!”
Lembre-se sempre:
“O plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória. Por isso, tenha cuidado com o que planta!”.